REVER A LEI DE ANISTIA
O PASSADO QUE NÃO PASSA
SERGIO ULIANO
Os caminhos que os povos constroem para superar realidades históricas de opressão e injustiças, podem ser os mais variados, indo da não-violência ao uso da força, e todos serão legítimos, dependendo do terreno que lhes é franqueado para caminhar.
A Encíclica "Populorum progressio" do papa Paulo VI abre espaço para a legitimação do emprego de atos de força, ante uma situação de tirania e iniquidade.
No Brasil a edição do Ato Instituciona nº 5, em 1968, interditou o espaço de participação democrática, instaurando o medo e as trevas e tentando transformar o país num imenso quartel a céu aberto.
O AI5 era um conjunto de normas ditatoriais que estava acima da Constituição e fora dela; assim, não podia ser apreciado pelo Poder Judiciário. Com base nele, a ditadura caçou mandatos parlamentares e implantou uma política sistemática de extermínio contra os que eram vistos como inimigos.
O emprego da tortura a presos políticos tornou-se método planejado e sistematizado, nos DOI - CODI dos quartéis. Milhares foram as prisões, sempre seguidas de tortura. Centenas foram os mortos com ocultação de cadáveres.
Estava caracterizada a tirania.
Em Criciuma o sindicato de trabalhadores nas minas de carvão sofreu intervenção imediata e seus principais líderes foram presos dias após o golpe. Quem indicava os nomes dos interventores sindicais eram os maiores proprietários das minas.
Esta prática, generalizada para o conjunto do país, concentrou ainda mais, a renda e a riqueza em mãos de poucos.
Estava caracterizada a iniquidade.
Neste contexto, a luta armada contra a ditadura ganhou legitimidade, embora, como sabemos, estivesse estratégicamente errada.
CONCLUINDO
A construção e preservação da memória de um povo-nação, com passado compartilhado e sonhos do porvir exige esclarecimento e reparação dos crimes de lesa-humanidade. Assim, a revisão da Lei de Anistia, por meios civilizados, deve tornar-se uma vontade coletiva.
Como criar uma vontade coletiva?
ResponderExcluir"A tortura é o assassinato da alma de um povo, de suas idéias e sonhos.A tortura é a prisão da utopia" -FEP
ResponderExcluirO STF brasileiro validou a Lei de Anistia em 2010, mas ela pode ser modificada por um plebicito ou equivalente.
ResponderExcluirVeja o que diz a Corte Interamericana de defesa dos Direitos Humanos.
"As atividades e informaçôes que eventualmente, a Comissão Nacional da Verdade recolha não substituem a obrigação do Estado de estabelecer a verdade e assegurar a determinação judicial de responsabilidades"
É forçoso lembrar que o Brasil por acordos internacionais que assinou,está sujeito à jurisdição da CIDH.